segunda-feira, 30 de março de 2015

O Divino Enxerto

Entre os fundamentos relativos ao casal aparecem intensamente o Amor ao Matrimônio, a Transformação em um Sacramento, a Imagem do Amor Trinitário, a Fonte concreta da Santidade. Os Casais são convocados à santificação no e pelo matrimônio.

No Evangelho de São João (cf. Jo 15, 1-6), Cristo se identifica como uma Videira, onde o Pai é o agricultor e os ramos são cada um de nós, expressando que, com a justa poda e enxerto, os ramos devem dar seus frutos.

Neste contexto, surge um questionamento: qual é a situação dos Casais e da Comunidade na Parábola?

A sociedade tradicionalista do século XIX e meados do século XX se baseava em uma hierarquia de valores, inclusive dentro da família. Cada um dos seus membros possuía qualidades próprias, inatas: os homens, preparados essencialmente para o exercício das profissões, e, as mulheres, como seres meramente decorativos, vulneráveis, necessitadas de proteção. Assim, havia uma rejeição categórica de uma identidade comum no matrimônio.

Nesses tempos, o casal também não possuía cidadania dentro da Igreja: “o casal causava constrangimento, sendo considerado um mal necessário, simplesmente tolerado, mas não aceito na vida religiosa” (cf. “Vem e Segue-me”, Unidade I, pgs. 9-10 - ENS). A salvação, pois, era individualista. Os agrupamentos se constituíam somente de homens ou de mulheres: a vida cristã não era compartilhada entre o marido e esposa.

“O Movimento de Casais foi um grande acontecimento dentro da Igreja, uma verdadeira revolução, a valorização do Sacramento do Matrimônio” (cf. “Vem e Segue-me”, Unidade I, pg. 9 - ENS). Assim, o matrimônio apresenta como referência o amor entre o homem e a mulher, sendo transformado em Sacramento, em um sinal da salvação. O Casal é convidado a participar do Reino de Deus. O gesto criador de Deus se refere ao homem e à mulher em um conjunto: “Deus criou o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou, homem e mulher os criou” (Gn 1, 27).

“Juntos”, o homem e a mulher são elevados a uma imagem divina: E os constituiu em uma só carne (cf. Gn 2, 22-24). O Novo Testamento também coloca da mesma maneira: “Já não são dois mas uma só carne. Portanto, o que Deus uniu, o homem não separe” (Mt. 19, 6). E esta união é um dom de Deus: “É um sinal de núpcias entre Cristo e a Igreja, um evento de graça e salvação, um mistério do Reino de Deus” (Ef. 5, 23.32). A condição do matrimônio como partilha, crescimento mútuo e geração da vida ecoa por toda a Bíblia!

Na parábola da Videira, Cristo coloca concretamente: “Fiquem unidos a mim, e eu ficarei unidos a vocês. O ramo que não fica unida à videira não pode dar fruto” (Jo, 15, 4). Cristo mostra a videira terrena como sinal de uma realidade divina, uma parábola, incluindo também os casais como unidos ao Senhor. De duas realidades separadas anteriormente na videira (o esposo e a esposa), Deus os une, através de um “Divino Enxerto”, para vivenciarem “juntos”, como ramos robustecidos, a fidelidade, a seriedade,o serviço, o amor, a complementação e o testemunho.

Ainda, a Comunidade de Casais é “o local onde se descobre a fraqueza profunda do ser e se aprende a assumi-la. Pode-se, então, começar a nascer” (Jean Vanier, “Comunidade, lugar do perdão e da festa”, Paulinas).E Cristo vem inserir a Comunidade na sua Videira, em um espaço próprio, acentuando a vida comum dos casais participantes e a contínua descoberta de seus valores, fazendo com que deixe de ser um mero agrupamento, mas sim um meio seguro de “Convivência Fraterna”.

Incorporados à Videira de Cristo, os Casais e a Comunidade fazem de sua peregrinação na Igreja um compromisso concreto para a construção do Reino de Deus, entoando este lindo dom: “Vejam como é bom, como é agradável, os irmãos viverem unidos. Porque o Senhor manda a benção e a vida para sempre” [Sl 133 (132), 1.3]

Fátima/João Bosco
Equipe 5A - Jundiaí - SP

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