quarta-feira, 8 de julho de 2020

Tempo de reflexão e isolamento


Estamos vivendo um tempo novo de incertezas e questionamentos. Diante desta pandemia do novo coronavírus, com o isolamento social imposto com medida de proteção contra a disseminação da COVID-19, a fé, do latim fides (fidelidade), é a confiança absoluta, sem espaço para dúvida, que cada um deposita no que escolhe acreditar. E sem sombra de dúvidas quase todos têm depositado a confiança em Deus. A esperança tem sido usada como antídoto diante de um inimigo invisível, letal e que a humanidade luta para controlar. Enquanto a batalha não se encerra, apaziguar corações e as mentes é a busca interna de cada um diante da sua convicção, sobretudo a de alguns sacerdotes e ministros ordenados que o tem feito através dos meios de comunicação transmitindo as Santas Missas pelas redes sociais.

Em tempos de dor, medos e incertezas, é natural e esperado que cada um procure um caminho que lhe traga conforto, doses de confiança e a chance de encontrar a paz. Todos querem encontrar Deus para que os sofrimentos sejam amenizados. Esta estrada é a da espiritualidade, lugar onde o real coexiste e tem conexão com algo maior e sagrado. Já está no ser humano buscar uma ligação com o divino, com o sagrado, seja ele representado pela figura de Deus, por meio da religião. Precisamos nos religar em Deus para que a nossa vida tenha um sentido maior.

Neste tempo de recolhimento forçado, a oração é um forte antídoto espiritual. A busca por um Deus que nos ama e nos olha como verdadeiros filhos é de suma importância para todos nós. Vivemos a cultura da pressa. Tudo nos é imediato e estamos sem paciência.

Queremos tudo para ontem e não sabemos esperar. A fala, a vivência, as relações. No dia a dia corrido, mais reagimos do que agimos. Mais confrontamos do que enfrentamos. Mais falamos do que escutamos. O tempo todo nos ocupamos de funções e impomos tantas outras coisas àqueles que nos estão próximos. De repente, somos obrigados a parar e esperar. E agora? O que fazer com todo esse tempo que obriga cada um a estar consigo e até mesmo com os seus?

Para nós homens e mulheres que seguimos Jesus Cristo, como é que estamos reagindo diante dessa situação catastrófica que hoje nos é apresentada? É importante que nos questionemos como parar para ouvir o nosso próprio silêncio. Como dar conta da angústia diante do inesperado? Como enfrentar as muitas depressões? Como lidar com as doenças dos nossos e daqueles que estão próximos a nós? Como ajudar a combater o bom combate? Como lidar com os filhos que antes estavam nas salas de aula e agora estão 24 horas em casa? Como lidar com os medos? Como ajudar o meu cônjuge a crescer neste tempo em que estamos vivendo essa situação? Como internalizar que nada, absolutamente nada, controlamos? É importante fazermos um exame de consciência. Como estamos vivendo? No meu caso, pela oração. Através das missas, mesmo que sendo transmitida via Facebook, Youtube ou até mesmo pelo Instagram, mas que sustentam a minha fé. A oração é um meio, é o caminho entre a espera e a esperança. Vemos tantos padres pedindo aos irmãos que se inscrevam nos diversos canais para que sua paróquia possa transmitir as Santas missas, mas nós nem ao menos paramos para pensar no bem que isso tem feito a tantos irmãos. Basta nós nos unirmos para que isso aconteça, pois se todos os irmãos da paróquia “X” entrassem para se inscrever na paróquia “Y” não haveria mais problema para que as transmissões fossem realizadas. Somos muitos, mas ao mesmo tempo parece que não temos ninguém, tudo isso por causa do nosso orgulho e as vezes até por causa do nosso egoísmo. Pensamos muitas vezes em nós e esquecemos do outro. A espera imposta pela quarentena é fato. A esperança advinda da oração é a fé.

Por isso vale ressaltar que a oração é uma oportunidade de recuperar a intimidade e a confiança em Deus. Aquele que busca através da espiritualidade e da oração, fica em paz, transmite a paz. Pois, a mim traz serenidade, confiança e paz. É a oração que converte minha espera em esperança. Desta forma, a espera pode não ser afastamento adverso da vida, mas esperança de um tempo novo, uma nova realidade. Como discursou Jesus durante o sermão da montanha, relatado nos evangelhos de Mateus e Lucas. “Olhai os lírios do campo: eles não trabalham nem fiam. Eu, porém, lhes digo: nem o rei Salomão, em toda a sua glória, jamais se vestiu como um deles. Buscai em primeiro lugar, seu Reino e sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas” (Mt 6, 25-34). E que a oração possa nos abraçar e converter a nossa espera em esperança, verdadeira Páscoa e confiança num tempo melhor.

Neste tempo de pandemia precisamos nos colocar nas mãos de Jesus e pedir ao Pai Deus que nos ilumine para que possamos vencer essa pandemia. A fé nos associa a Jesus Cristo, e nos ajuda na hora da incerteza. É tempo de confiar a causa da vida nas mãos de Deus. Sentir a sua presença. Ele não nos abandona, caminha conosco e aí temos a esperança e o amor.

Eu vos digo que a fé e a espiritualidade se fundem no coração das pessoas no meio das dificuldades, da luta e do medo provocados por essa pandemia. Por isso, é importante gastar a vida, para que a solidariedade e o amor aconteçam. Mesmo aqueles que não tem a fé cristã, em Deus, com toda a certeza, ele tem a fé humana, em poder acreditar no homem, na ciência, no bem coletivo, na fraternidade. De algum modo, todo ser humano alimenta o coração através da espiritualidade que está ligada à vida. O mais importante é viver o amor ao próximo, e é isso que faz lutar pelo bem da coletividade. Deus os abençoe! 

Pe. Wagner F. Pereira
SCE Eq 9A - Nsa Sra do Bom Parto

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