sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Encontro com Deus

Lc 15, 11-21 – Encontro com Deus (3° Encontro)

Podemos afirmar que esta é a mais famosa das parábolas de Jesus. Com a parábola do Filho Pródigo, Cristo ilustra a importante aceitação no Reino de Deus. Neste trecho do evangelho encontramos a narrativa sobre o Pai e seus dois filhos, sendo o centro desta parábola é a prodigalidade do pai no amor por esses filhos, que o torna capaz de desprezar o desperdício dos bens materiais, para acolher e amar o filho mais novo. 

Diante deste belíssimo trecho narrado por Lucas, posso afirmar a vocês casais equipistas, que chegamos ao ponto mais alto do nosso retiro: o encontro com Deus. É neste momento da vida em que cada casal é convidado a deixar-se perceber quem de fato é Deus. 

A dureza de coração do ser humano não impede que Deus continue amando aqueles que se perdem no caminho. Vejamos: exigindo a sua parte da herança e partindo para outras terras, o filho mais novo corta os laços com a família, sem tristeza alguma e leva tudo consigo. Nesta atitude fica claro que a sua volta é quase remota. Essa partida é sentida por demais pelo Pai. Porém, o seu coração paterno continua sendo o mesmo, pelo qual ele ama sem limites. É um amor incondicional, dadivoso. Em outras palavras: é um amor Ágape! 

Uma pergunta deve estar surgindo no coração de vocês: mas o que tem a ver esta parábola com a nossa vida em casal? A resposta é muito simples. Todas as vezes em que o casal não é capaz de viver a reconciliação, o amor, a cumplicidade, corre o risco de viver como este filho mais novo, que não se importa se vai ferir ou não o pai. Só uma coisa a ele é importante: pegar os bens, deixar a família em nome de uma suposta liberdade, que no futuro traz o sofrimento. 

O encontro privilegiado com o Pai se dá pelo arrependimento. O encontro do esposo e da esposa se dá quando ambos são capazes de se deixarem atrair por este Pai misericordioso, que permite, mesmo diante das contrariedades da vida humana, que o casal diante das crises não queira fugir, mas sim viver arraigado e edificado em Cristo. 

Foi preciso que o filho mais novo fizesse a experiência do deixar o pai, para reconhecer que a ausência de Deus se dá quando o ser humano quer ser o “deus” da sua própria vida. 

Que atitude singular o pai tem para acolher o filho: sem nenhuma frieza, corre para encontrá-lo, abraça-o e enche-o de beijos. Eis a maior manifestação de amor que o pai tem para com o seu filho. Não cobra nada. Não exige nada. Em outras palavras, o pai deixa que possa se concretizar o que o apóstolo Paulo mais tarde escrevera: “Se eu falasse todas as línguas, as dos homens e as dos anjos, mas não tivesse amor, seria como um bronze que soa ou um címbalo que retine. Se eu tivesse o dom da profecia, se conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, se tivesse toda a fé, a ponto de remover montanhas, mas não tivesse amor, nada seria. Se eu gastasse todos os meus bens no sustento dos pobres e até me fizesse escravo, para me gloriar, mas não tivesse amor, de nada me aproveitaria. O amor é paciente, é benfazejo; não é invejoso, não é presunçoso nem se incha de orgulho; não faz nada de vergonhoso, não é interesseiro, não se encoleriza, não se alegra com a injustiça, mas fica alegre com a verdade. Ele desculpa tudo, crê tudo, espera tudo, suporta tudo” (1 Cor 13). 

Torna-se completa esta parábola com a volta do filho, que nos braços do pai é acolhido com misericórdia. Aqui podemos recordar a parábola do Bom Samaritano (Lc 10, 25-37): o agir com misericórdia expressa a proximidade do samaritano com o homem que estava caído. Isso acontece com o pai que ao acolher o filho age com amor e manifesta a sua proximidade agindo com misericórdia. 

Hoje, o grande desafio dos casais é de deixar-se fazer próximo de quem de fato necessita da proximidade. O esposo que necessita experimentar a misericórdia de Deus em sua esposa e a esposa que por sua vez, quer encontrar no esposo não um pai, mas um homem que seja capaz de amá-la e acolhe-la. Acima de tudo, há necessidade de um agir com misericórdia, diante das situações conflitantes que os impede de viver a santidade do matrimônio. 

Eis que as Equipes de Nossa Senhora permitem que os casais possam viver este encontro com Deus. É no sacramento do matrimônio que o Pai se manifesta e proporciona que cada casal possa deixar-se conduzir por uma misericórdia que não pune, mas acolhe, ama, perdoa e santifica. Acima de tudo, permite ao casal, a cada dia, viver um momento privilegiado de encontro com Aquele que é capaz de amar sem medidas. 

Diante desta reflexão surgem alguns questionamentos: sou como o pai? Sou como o filho mais novo? E mesmo no texto acima, não tendo me referido ao filho mais velho, podemos questionar também: sou como o filho mais velho? 

É numa perspectiva de misericórdia e amor que cada casal poderá encontrar respostas para tais questões. 

Não se esqueçam: somente o AMOR sincero é capaz de transformar a vida humana, permitindo assim que homem e mulher vivam a gratuidade da verdadeira liberdade em Cristo!

Pe. Márcio Felipe de Souza Alves
SCE das Equipes 6A e 7A e do Setor Jundiaí A
* Tema apresentado no Retiro Anual das ENS Jundiai (19, 20  e 21/Out/2012)

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