II. DEFINIÇÃO DA COLEGIALIDADE
Chegamos finalmente à definição de Colegialidade dada no documento “A Responsabilidade nas ENS”: “A colegialidade pode ser definida como uma coparticipação dos “dons” diversificados e complementares que o Espírito concedeu a cada um, numa busca comum da verdade e de um encontro mais profundo entre nós” .
É neste sentido que a Colegialidade tem por objetivo procurar em conjunto a vontade de Deus para o Movimento. Isso implica a reflexão, a discussão, o discernimento e a busca de consenso num clima de confiança, de lealdade e corresponsabilidade entre todos os membros da comunidade.
III. FUNDAMENTOS DA COLEGIALIDADE
São, portanto, dois dons dados ao nosso Movimento desde a sua origem; é por isso que a responsabilidade e a colegialidade devem ser exercidas de maneira a servir e a exprimir a realidade dos casais e das equipes como fazendo parte da comunhão eclesial.
Esta maneira de viver a responsabilidade e a colegialidade implica o reconhecimento e o serviço do outro, o respeito mútuo, a confiança, a abertura e uma comunicação recíproca entre todos: é por isso que desde a origem, o nosso Movimento instituiu casais ligação, o que todos somos.
A Ligação é uma condição essencial da colegialidade. Ela é importante para garantir que todos os aspectos das decisões foram levados em consideração e para que sejam conhecidos e adotados por todos. Nosso movimento deve, pois, assegurar permanentemente que, no exercício da ligação, a responsabilidade e a colegialidade estejam em equilíbrio permanente, para permitir uma verdadeira comunhão.
Enquanto casais ligação, nós somos responsáveis e agentes de unidade, por um serviço que nos foi confiado, junto aos Setores, Regiões e Super-Regiões do Movimento.
Nós somos em todos os níveis encarregados de nos colocar em sintonia. Eis por que os Colégios internacionais, super-regionais, regionais, as equipes de setor, as equipes de serviços (que nós os convidamos a constituir, caso ainda não as tenham), devem ser reconhecidos como instrumentos modernos de ligação, no sentido de participação e de colegialidade, refletindo assim a diversidade dos casais.
Todavia, recordemos que a colegialidade deve estar a serviço da evangelização e não ser um instrumento para reduzir tudo ao menor denominador comum, atenuando as diferenças que são fontes de riquezas. É por isso que convém examinar agora os princípios e os limites da colegialidade.
Os princípios da colegialidade
A igualdade: Desde a origem das Equipes de Nossa Senhora, a Colegialidade faz parte das práticas de funcionamento do nosso Movimento, tendo como finalidade evidente a boa compreensão, mas também a tomada de decisões. Todavia ela implica a presença de casais que foram objeto de um chamado, em vista de um serviço definido. Este chamado, se vem através de homens e mulheres, é antes de tudo um chamado do Senhor para se porem a serviço. Ele confere por isso a cada um os mesmos direitos e os mesmos deveres, e cria assim as condições indispensáveis à constituição de uma verdadeira colegialidade.
A transparência: A colegialidade, porque permite a verificação das ideias, exclui os detentores do poder, que sejam possuidores de todos os direitos. Ela estimula a expressão livre daqueles que, dispondo de menos experiência ou conhecimentos, poderão no contexto colegial debater com toda a transparência.
A discussão: A colegialidade exprime-se pela discussão e pela reflexão, e não por um simples debate de opiniões ou de convicções. Essa caminhada pode ser prejudicada por personalidades que possuem certo poder, seja pelo seu carisma pessoal, seja por seu conhecimento anterior, e que por isso podem atrapalhar a reflexão, o discernimento colegial e a discussão.
Equilíbrio entre colegialidade e responsabilidade: Se a colegialidade pode gerar fenômenos de tomada de poder, pode também treinar para a responsabilidade ou sufocá-la. Acabamos de ver mais acima quanto a colegialidade e a responsabilidade devem estar equilibradas. Afogadas num excesso de ligação ou de consultas, o que implicaria uma colegialidade exacerbada, a responsabilidade não poderia ser exercida. É, portanto, todo o sentido do serviço e da disponibilidade que ficaria enfraquecido por esta forma de autogestão.
A cadeia da colegialidade: Outro princípio reside na necessidade da existência de uma cadeia da colegialidade. É sobre toda a linha de responsabilidade e de serviço do Movimento que se deve exprimir a colegialidade: um colégio reunindo nas Regiões os Setores, - nas Províncias as Regiões, - nas Super-Regiões as Províncias ou as Regiões. Cada nível de responsabilidade deve comportar esse espaço para o exercício do debate, da transparência, da reflexão e da decisão.
Retirado do Acervo de Formação do site das ENS (ens.org.br). O próximo capítulo será publicado em breve, mas caso queira ler na íntegra, acesse o link https://www.ens.org.br/site/arquivos/acervo/O_Exercicio_da_Colegialidade_nas_ENS.pdf
Veja também as publicações anteriores sobre este mesmo assunto na página principal do blog.
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