terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Noite de Oração de Fevereiro - Pe. Caffarel, um profeta para o nosso tempo

Aconteceu nesta segunda-feira, dia 18/02, a Noite de Oração e Formação das Equipes de Nossa Senhora de Jundiaí. Foi uma noite muito agradável, preparada pelas Equipes 1A e 3B e felizmente compartilhado por muitos casais. 


Separamos alguns trechos dessa rica formação sobre Pe. Caffarel, o profeta do nosso tempo:

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É sempre bom precisar o que entendemos por profeta. Para muitos o profeta é algo como um vidente, adivinho, é aquele que conhece algo do futuro; e por aí vai... O profeta não é aquele que anuncia o que está por vir, mas aquele que faz sobre a situação atual um julgamento inspirado pelo Espírito, em relação aos hábitos correntes e os desvios.  

Em Israel, o profeta era um homem chamado por Deus e que vivendo a fé falaria em nome dele. Aquele que comunica para provocar a conversão e uma resposta ao chamado de Deus. Para nós, hoje, profeta é alguém que fala aos outros em nome de Deus. É um homem possuído pelo Espírito, com experiências espirituais amadurecidas, que conserva em sua pregação as riquezas e limitações de uma época determinada. É um mensageiro e interprete da mensagem divina, que pode chegar ao profeta de diversas maneiras: numa visão, num sonho..., mas na maioria dos casos por uma inspiração interior. 

O profeta não relata fatos passados ou futuros, mas interpreta os acontecimentos para descobrir o modo de atuar de Deus e a sua Aliança com os homens. Reprovações, censuras, palavras de esperança e de restauração, tudo manifesta o amor do Pai que prepara, corrige e molda seu povo, para que seja capaz de acolher em seu Filho a Salvação. 

A vinda de Cristo não extingue o profetismo. “As profecias um dia desaparecerão”, explica S. Paulo; mas isto será no fim dos tempos. “Oxalá todo o povo seja profeta!” almejava Moisés. 

Seria difícil entender a missão de muitos santos da Igreja abstraindo do carisma profético. 

O Cardeal Lustiger, em sua homilia na missa celebrada por intenção do Pe. Caffarel disse que ele foi “uma das grandes figuras dadas por Deus à sua Igreja no decurso deste século (XX)”

Cristo, o único profeta dos tempos novos, quis que fosse manifestada sua missão profética em alguns de seus servidores. Certamente Pe. Caffarel foi um deles. Não abusemos do título de “profeta”: somente Deus o designa. Utilizei-o, contudo, com relação ao Pe. Caffarel. 

O que nos faz ver no Pe. Caffarel um profeta? 

Num tempo em que não se vislumbrava caminhos para que casais cristãos se santificassem através de seu matrimônio, Pe. Caffarel e os quatro casais pioneiros decidiram encontrar esse caminho.Tocados pelo Espírito Santo, descobriram esse caminho – as ENS, perseveraram nele e o indicaram a outros casais 

Em Chantilly aos RR, em 1987 :
“Pois bem, atrevo-me a crer hoje, após quarenta anos, que na origem das ENS houve um carisma fundador. Mas, atenção! Não me tomo por inspirado, nem profeta, nem por santo. No começo não suspeitava qual seria o futuro. Não se dizia: ‘O Espírito Santo levou-me a fazer isto’. É só hoje, após quarenta anos, diante do desenvolvimento das ENS, que eu penso: em 1939, com os quatro primeiros casais, houve alguma coisa e não apenas uma boa ideia; alguma coisa mais que o simples entusiasmo; aquele encontro não foi um encontro fortuito; a Providência e o Espírito Santo ali estavam de algum modo”

Foi um homem aberto à ação do Espírito Santo, ao que o Senhor de algum modo lhe falava. À questão: como percorrer esse caminho? Colocando-se nas mãos de Deus disse: “Vamos procurar juntos!”. Eis aí uma ação profética! 

Foi um homem de oração, um “buscador de Deus”, ou como também foi chamado, um “sedento de Deus”. A partir de seu “encontro” com Cristo, aos vinte anos, a sua existência inteira foi uma busca apaixonada do Deus vivo e dos caminhos que levam a Ele. 

* Ficava horas em oração interior, sem mover, recolhido no mais profundo de si. 

* Na época de seus estudos para o sacerdócio, freado em sua atividade intelectual, compensava com três horas diárias de oração interior. 

* Ao iniciar suas grandes realizações, reservava três meses por ano de “deserto” para mergulhar mais profundamente na oração e pensar sua ação à luz do Senhor. Prática que começara por volta de 1943 e durou bem mais de quarenta anos. 

* Trousurres: casa de oração - semanas de oração 

Sempre “aberto” ao que o Senhor lhe dizia pela sua Palavra e meditação e também por reflexões sobre a vida. Sempre preocupado em levar o Cristo ao seu próximo. 

Ainda da homilia do Cardeal Lustiger : Duas preocupações orientaram toda a sua ação na diversidade de suas iniciativas: 
· Por um lado, a vida do casal, da família, o amor humano; 
· E, por outro lado, o amor de Deus e a oração. 

Ele descobriu sua missão: engrandecer a dignidade do amor humano, numa época em que ninguém suspeitava o quanto ele seria ameaçado pela própria evolução dos costumes de da cultura. Simultaneamente, propunha aos casais não somente empenhar-se nessa descoberta exigente do sacramento do matrimônio, mas também responder a Deus que os chamava à santidade 

Quando fervilhava a reflexão dos cristãos sobre o que viria a ser o “apostolado dos leigos”, o Pe. Caffarel propôs aos leigos desejar nada menos que a santidade; no e pelo sacramento do matrimônio. 

Em tudo isso ele antecipou o sopro do II Concílio Vaticano quanto à vocação dos leigos: vocação à santidade. Antecipou também a necessidade de dar uma força sobrenatural à nossa vida para que ela fosse capaz de fazer frente às crises futuras: as de nosso tempo. 

Sugestão de pergunta para o Dever de Sentar-se: Há entre nós dois, casal, o desejo de caminhar para a santidade? 

Foi um homem de visão: a intuição inicial do Pe. Caffarel surge no contexto duma religião individualista. 

Foi Consultor da “Comissão Pontifícia para o Apostolado dos Leigos”, preparatória do Concílio Vaticano II. Como consultor tendo em vista a expressão “leigos”, geralmente tomada no sentido individual, chama a atenção para o casamento cristão, uma idéia presente desde o princípio foi descobrir o pensamento de Deus sobre o casal e sobre todas as suas realidades. 

Das reflexões sobre a forma de viver cristãmente as realidades conjugais e familiares, pareceu-lhes necessário desenvolver, custasse o que custasse uma espiritualidade para cristãos casados, porque o ensinamento da Igreja para homens e mulheres que queriam santificar-se, era uma espiritualidade elaborada por monges e religiosos. Havia uma descoberta a ser feita, pois, do contrário os casais jamais iriam longe no caminho da santidade presos a uma espiritualidade de monges. A espiritualidade do casal não poderia ser a do celibatário ou do padre. E isso antes do CV II. 

Padre Caffarel foi um apóstolo

Toda sua ação, todos os seus empreendimentos têm por objetivo transmitir aos outros essa sua obsessão pelo Deus vivo. Sua preocupação permanente era ajudar as pessoas a esse “encontro” com Cristo, que ele mesmo tinha feito e que transformara sua vida. Era um homem prático que diante das realidades procurava responder às necessidades percebidas. Não se tratava para ele de fornecer ideias às pessoas, mas de fazê-las viver, e viver em Cristo. Vendo sua obra e lendo seus textos vemos um eco da exclamação de S. Paulo “Ai de mim se não evangelizar”. Pe. Caffarel quis ser realmente um sacerdote de Jesus Cristo. 

Foi um homem inventivo/criativo 

Era fascinante, para seus colaboradores, ver suas ideias jorrarem e, mais ainda, traduzir-se em proposições concretas que as fizessem aplicar-se à vida: 

- Equipes de Nossa Senhora 
- Trabalho com jovens em diversas ocasiões: ação católica dos jovens da França (na faculdade de direito) no começo depois da ordenação, já JOC, durante 3 anos. 
- Fraternidade N. Sra. da Ressurreição 
- Esperança e Vida (viúvas) 
- Intercessores 
- Centro de Preparação ao Casamento (curso de noivos) 
- Centro de oração em Troussures (semanas de oração) 
- Cadernos sobre a oração 1983-1989 (83 anos) 
- O anel de outro 1945 (l’anneau d’or) 
- La Chambre Haute (1973) 

Um homem exigente, pioneiro e humilde (afastamento 1973), até em seu funeral e sepultura.

Nas ENS:
- Pela primeira vez se fala em espiritualidade conjugal 
- Despertou para o verdadeiro significado da sexualidade humana 
- Peregrinações – uma forma de mostrar o matrimônio – face doce e sorridente da Igreja 
- União entre o sacerdócio e o matrimonio 
- Diálogo conjugal (dever de sentar-se)

“O teu amor sem exigências me diminui; a tua exigência sem amor me desencoraja; o teu amor exigente me engrandece” (Pe. Caffarel)

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Outras fotos desta noite estão aqui.

Um comentário:

  1. E´muito gratificante tomar conhecimento do movimento ENS somos equipista da equipe 14 Provincia Sul ll região São Paulo oste l Setor Assis SP.
    Na paz de Jesus e no colo de Maria
    Abraços
    Zilda e Valter

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