terça-feira, 27 de março de 2012

O Dever de Sentar-se

"A experiência mostra que, sem certos pontos de aplicação precisos, as orientações de vida arriscam-se muito a tornar-se letra morta" (in O que é uma Equipe de Nossa Senhora?). Por isso, as Equipes de Nossa Senhora propõem aos seus membros:
- que se "obriguem" à observância de 6 pontos bem determinados, aos quais chamaremos de "obrigações", que são meios de aperfeiçoamento;
- que solicitem o controle e ajuda da equipe nesses pontos: é a "partilha" da reunião mensal.

Esses 6 pontos são os seguintes:
- "escutar" assiduamente a Palavra de Deus;
- reservar, todos os dias, o tempo necessário para um verdadeiro encontro com o Senhor na meditação;
- encontrar-se cada dia, marido e mulher numa oração conjugal (e, se possível, familiar);
- dedicar, cada mês, o tempo necessário para um verdadeiro diálogo conjugal, sob o olhar do Senhor ("dever de sentar-se");
- fixar cada um a si mesmo uma "regra de vida" e revê-la todos os meses;
- colocar-se cada ano diante do Senhor para rever e planificar a sua vida, durante um retiro de pelo menos 48 horas, vivido, se possível, em casal.
(Anexo 4 do Guia das Equipes de Nossa Senhora - págs. 78/79)

O Dever de Sentar-se

"[...]O Dever de Sentar-se evita a rotina da vida conjugal e mantém jovem e vivo o mor e o casamento. Seu valor é apreciado por todos os casais que o praticam. Eles reconhecem nesse encontro uma oportunidade para se amarem ainda mais. [...]"
(Guia das Equipes de Nossa Senhora - pág. 26)

O casamento, tanto no plano humano quanto no plano espiritual, é uma situação de aprendizagem permanente aos olhos dos homens e aos olhos de Deus. Nas Equipes de Nossa Senhora esta aprendizagem dá-se com a graça específica do sacramento do Matrimônio, concedida gratuitamente àqueles que se casam, e também através da vivência dos pontos concretos de esforço.

No momento da partilha, em nossas reuniões da equipe, tem-se discutido muito a respeito das dificuldades que os casais encontram em vivenciar o Dever de sentar-se.

Com o intuito de ajudar os casais equipistas a superarem os obstáculos ao Dever de Sentar é que passamos a refletir sobre:
- O que vem a ser o Dever de Sentar-Se
- O que não é o Dever de Sentar-se
- Fatores que interferem negativamente na vivência do Dever de Sentar-se
- Condições que facilitam o fluir do Dever de Sentar-se

1. O QUE VEM A SER O DEVER DE SENTAR-SE

Consultando a literatura do Movimento das Equipes de Nossa Senhora, verificamos que o ponto concreto de esforço Dever de Sentar-se é o sentar juntos na presença de Deus, para descobrir e manifestar a beleza, a riqueza e a profundidade da vida conjugal dos cristãos que vivem nas comunidades formadas pelos casais equipistas.

Os objetivos do Dever de Sentar-se são:
  • Estabelecer e manter o Diálogo franco, aberto e respeitoso entre os cônjuges.
  • Tornar possível a Comunicação também franca, aberta e respeitosa entre os esposos, apesar dos riscos.
  • Favorecer o Crescimento na amizade, no companheirismo, no amor e na vivência espiritual do casal e da família.
  • Encontrar Soluções adequadas para os problemas conjugais e familiares.
  • Tirar dúvidas, elaborar e superar conflitos conjugais e familiares, tendo Jesus Cristo como referencial e tudo fazendo para a maior glória de Deus.
2. O QUE NÃO É O DEVER DE SENTAR-SE

Antes de tudo e primeiro que tudo, o Dever de Sentar-se jamais deverá ser uma peça acusatória de um dos cônjuges contra o outro, e que possibilite uma defesa que se torne também um libelo de acusação mais forte e contundente, levando os dois a uma escalada de agressões mútuas.

O Dever de Sentar nunca deve ser visto como:
  • Um desabafo
  • Um recordar mágoas passadas
  • Uma vingança
  • Uma projeção de conflitos passados não resolvidos suficientemente
  • Uma cobrança de comportamentos e de atitudes desejados por um dos cônjuges, ou de ambas as partes
  • Uma ocasião de manifestação da vontade de dominação de um dos cônjuges sobre o outro
  • Uma oportunidade em que os dois entrem numa relação de competição, num constante medir força e poder
  • Uma troca de "mesuras", "elogios" e "cortesias" usadas como fuga das dificuldades inerentes e inevitáveis na vida conjugal e familiar e que venha a impedir uma análise verdadeira que leve o casal a uma autocrítica construtiva. O excesso de atenções pode ser, às vezes, um comportamento compensatório como auto-punição por faltas cometidas em desrespeito ao outro cônjuge.
3. FATORES QUE INTERFEREM NEGATIVAMENTE NA VIVÊNCIA DO DEVER DE SENTAR-SE

3.1. Escolha inadequada do momento para o Dever de Sentar-se, em termos de: horário, lugar, disposição dos dois cônjuges ou da parte de um dos dois, para falar e para ouvir.

3.2. Quando os "diálogos" do marido e da mulher se tornam "monólogos invasores" da individualidade do outro. Aí, é preciso ter sensibilidade para se saber que, embora, muitas das nossas vivências e experiências possam ser ditas sem reservas, outras, especiais, só podem ser confidenciadas a pessoas igualmente especiais e em momentos também especiais. Podemos exemplificar como "pessoas especiais", os confessores e terapeutas.

3.3. Os mecanismos de defesa com os quais protegemos nossa auto-estima e resguardamos, através deles, a imagem que os outros têm de nós, embora necessários, não devem ser exacerbados a ponto de prejudicarem a comunicação interpessoal, de um modo geral, e em particular, a relação conjugal e familiar.

3.4. As percepções imperfeitas que temos de nós mesmos, assim com aquelas que temos dos outros e as que estes têm de nós , dificultam o dever de sentar.

No conhecimento que temos de nós mesmos e no conhecimento que temos dos outros, devemos levar em consideração o mecanismo de defesa chamado de projeção que interfere nas percepções. Quando percebemos alguém, o fazemos à nossa maneira. Por isso, tudo que percebemos está eivado de nossos próprios conteúdos. Costumamos dizer que as projeções são de tais proporções que "quando José fala de Maria, José fala mais José que de Maria."

3.5. Os ressentimentos e as mágoas de um cônjuge ainda não "elaborados" e não expressos adequadamente, constituem um obstáculo ao Dever de Sentar-se. É importante, para o nosso equilíbrio emocional e para o ajustamento conjugal e familiar, que tenhamos oportunidade de:

- Identificar os nossos diversos sentimentos e discriminá-los 
- Identificar o objeto de cada sentimento 
- Expressar e simbolizar os sentimentos de uma maneira socialmente aceita

3.6. As meta- percepções, ou seja, aquilo que "imaginamos" que os outros estão pensando e sentindo. Quando nos metemos a "pensar" o que está se passando na cabeça dos outros, corremos o risco de errar mais do que de acertar. Quando na relação de um casal a pessoa A "imagina" o que a pessoa B está pensando, sentindo e imaginando, verificamos que a pessoa A está correndo mais risco de errar do que de acertar na sua interpretação, na sua percepção. Nestes casos, para que a margem de erro seja reduzida, aconselhamos à pessoa A que faça o teste da realidade , que consiste na verificação, junto à pessoa B, se de fato é aquilo mesmo que a pessoa B está imaginando, pensando e sentindo. O teste da realidade irá possibilitar à pessoa que emitir uma percepção a respeito de outra, que o faça , com o máximo de acerto e o mínimo de erro.

3.7. Nas relações interpessoais, de um modo geral, mas sobretudo nas relações conjugais, é preciso estar atento à linguagem com o qual percebemos os outros e nos expressamos.

Com efeito, é necessário cuidado com os artifícios perceptivos e interpretativos que utilizamos nas relações interpessoais. Às vezes, as nossas mensagens sinalizadas na comunicação não são claras, passando ambigüidade, ironia, duplo sentido e dupla mensagem. O entendimento ou eficácia desse tipo de mensagem ou comunicação, depende da habilidade de percepção dos participantes. Uma linguagem ambígua , irônica, na relação conjugal , em geral, e no dever de sentar, em particular, se constitui um complicador no processo de conhecimento e de crescimento espiritual e humano do casal.

3.8. Falta de amor recíproco ou amor insuficiente para uma convivência harmoniosa, prazerosa e construtiva dos cônjuges.

4. AS CONDIÇÕES QUE FACILITAM O FLUIR DO DEVER DE SENTAR-SE

4.1. A pedra angular sobre a qual a vida conjugal e familiar é construída e mantida é, e sempre será, o amor mútuo dos cônjuges, o amor dos pais para com os filhos, o amor dos filhos para com os pais e também o amor dos filhos entre si.

4.2. A consciência cristã dos cônjuges equipistas de que o amor humano tem Deus na sua origem e no seu destino, visto que o amor humano só é completo quando emerge da Fonte Divina e deságua no oceano do Divino Amor.

São João, na sua primeira carta, Cap.4,7-8 diz: "Caríssimos, amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus e todo aquele que ama é gerado por Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama não conhece a Deus." A partir deste texto vemos que o amor humano vem de Deus e para Deus nos conduz. "Quem ama é gerado por Deus... Quem ama conhece a Deus." O amor dos esposos se constitui na estrada real que conduz a Deus, nossa origem e nosso destino. Nesta perspectiva, a esposa é a ponte de ligação de seu esposo com Deus, e o esposo é o elo através do qual sua companheira transcende, se espiritualiza.

4.3. A aceitação mútua, positiva e incondicional dos cônjuges. Esta condição da aceitação com as três características - mútua, positiva e incondicional - é muito difícil de ser vivenciada, mas é certo que o grau de dificuldade é proporcional ao grau de importância no casamento.

4.4. Para a vivência do dever de sentar, o diálogo é de importância substancial. O diálogo é o meio indispensável, através do qual a comunicação entre o casal se estabelece. A negação do diálogo é o monólogo.

O diálogo só se estabelece se aqueles que o desejam, forem capazes de se deslocarem do ângulo de suas percepções, e, sem as perderam de vista, tentarem entrar em contato com as verdades do outro cônjuge. Quando os dois cônjuges se colocam diante de um mesmo problema, cada um dos dois vê esse problema de ângulos diferentes. E o diálogo só se estabelecerá, quando, e na medida que, cada um for capaz e versátil o suficiente, para colocar-se no lugar do outro para conhecer suas percepções. Só assim haverá o enriquecimento proveniente da soma de percepções da casal. Para que isso seja possível é necessário que os cônjuges se exercitem no sentido de se tornarem mais versáteis e menos rígidos. A rigidez de atitudes e de pontos de vista conduz, mais facilmente, o casal para o monólogo do que para a prática do diálogo.

4.5. A capacidade dos cônjuges de se deslocarem do eixo de seus interesses e do universo de suas emoções, para participarem do mundo dos sentimentos de seu parceiro. Só compreendemos alguém, se nos colocarmos em sua pele, em seu lugar e se isto o fizermos movidos por amor.

4.6. A transparência intra e interpessoal. A pessoa deve se relacionar bem consigo mesma ( transparência intra-pessoal) se apreciando, se amando e se admirando, para se predispor a entrar em relação harmoniosa com os outros (transparência interpessoal). A pessoa conflitada transborda desarmonia interna sobre aqueles que a cercam.

4.7. Dar e receber feedback. Quando alguém pede uma percepção a uma outra pessoa, o faz de uma maneira desarmada e não considera o que vai ouvir como um libelo de acusação e sim como um recurso para aumentar sua auto-percepcão e catalisar seu crescimento e seu aperfeiçoamento humano e espiritual.

4.8. Saber ouvir o interlocutor e saber falar. É mais sábio ouvir do que falar. Quando ouvimos, estamos recebendo a sabedoria do interlocutor. Quando falamos, colocamos o nosso saber para os outros. Ao falarmos devemos levar em consideração:
  • O que falar
  • Quando falar
  • Como falar
Saber ouvir e saber falar supõe sabedoria humana e divina. Por isso peçamos à Fonte de todo saber - Deus - para que Ele nos conceda Sua Sabedoria, para que saibamos ouvir e falar no convívio conjugal e familiar, mas, sobretudo, no Dever de Sentar-se.

CONCLUSÃO

Finalizamos esta reflexão recorrendo ao primeiro teólogo São Paulo, que falando aos Colossenses sobre o casal cristão o fez com as palavras: "Amai-vos mutuamente, porque o Amor é o vínculo da perfeição"(Cl 3,14). E aos Coríntios: "Quem ama é paciente, quem ama é bondoso, não é orgulhoso, não é arrogante... não se irrita facilmente, não guarda rancor... quem ama tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor jamais acabará".(I Cor 13,4-8 a)

Enfim, dizemos aos casais equipistas: Amai-vos, e o Dever de Sentar se tornará possível e menos difícil e assim o vosso crescimento humano e divino se tornará factível.

Pe Joaquim Colaço Dourado
SCE e Psicólogo
Fortaleza-CE


Sugestão de Oração para o Dever de Sentar-se

Queremos pedir-vos que envieis Vosso Espírito Santo para que, iluminados e esclarecidos por Ele, possamos redescobrir os benefícios que alcançamos com o Dever de sentar-se. Fazei que aceitemos com respeito, bondade, caridade e amor as necessidades de nosso cônjuge e saiamos fortalecidos na fé e no amor após esta “conversa”. Dai-nos Senhor, descobrir mais profundamente esse maravilhoso meio de santidade, Amém.

Fonte: http://www.xistonet.com/dever.htm


2 comentários:

  1. Olá..gostaria muito de encontrar meu tio...ele se chama Adir Fernandes Cezar....dizem que mora ai em JUNDIAÍ..tem um filho com nome de Diogo..meu fone é 044 3446 7836..Claudinéia...moro em Paranavaí Paraná...minha mãe é irmã dele ..Se puder meu ajudar
    claudineia.rangon@hotmail.com

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  2. sou filha biologica dele tambem não acho ele

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