sábado, 28 de julho de 2018

AMOR CONJUGAL E A MISSÃO DAS FAMÍLIAS - 50 ANOS DA ENCÍCLICA HUMANAE VITAE

Para marcar e celebrar os 50 anos da Encíclica Humanae Vitae, a Coordenação Diocesana da Pastoral Familiar organizou uma Missa presidida por nosso Bispo, Dom Vicente Costa, no dia 27 de julho, na Paróquia Santo Antonio - Anhangabaú.

Durante a celebração, nosso querido Dr. Malagodi, da Judith, da Equipe Nossa Senhora Aparecida - 1B, nos presentou com um belo testemunho, que segue transcrito abaixo:


"É uma alegria muito grande poder compartilhar com todos vocês esta celebração dos 50 anos de uma das mais importantes Encíclicas de nossa Igreja: a Humanae Vitae, que traduzida significa “a vida humana”. 

Publicada em 25 de julho de 1968 pelo Beato Papa Paulo VI, esta encíclica tornou-se um dos documentos mais inteligentes e corajosos que deveria, se corretamente interpretada e cumprida, colocar todo o povo de Deus numa existência temporal humanizada e saudável e numa vivência mais autêntica do Sacramento do Matrimônio. 

Ficou claro no conteúdo desse documento a condenação pela Igreja Católica da anticoncepção, isto é, de todos os métodos artificiais usados para se evitar a gravidez, não somente porque boa parte destes métodos são claramente abortivos, mas fundamentalmente porque ela, a anticoncepção, separa o significado procriador do significado unitivo no ato genital conjugal. 

Para aclarar nossa memória, vale a pena listar aqui todos os métodos que estão englobados dentro da anticoncepção: a pílula, o DIU, a pílula do dia seguinte, a laqueadura, a vasectomia, os adesivos, os hormônios injetáveis, o diafragma, os anéis cervicais, a camisinha e o coito interrompido. 

Validando a legitimidade da Humanae Vitae, o Catecismo da Igreja Católica contém, no seu artigo 2366, uma reafirmação da Encíclica quando diz que “a Igreja, que está do lado da vida, ensina que qualquer ato matrimonial deve permanecer aberto à transmissão da vida. Esta doutrina, muitas vezes exposta pelo Magistério, está fundada na conexão inseparável que Deus quis e que o homem não pode alterar por sua iniciativa, entre os dois significados do ato conjugal: o significado unitivo e o significado procriador”. 

No pouco tempo que dispomos vale a pena buscarmos o entendimento naquilo que é a verdade central da Encíclica: porque não se podem separar esses dois significados, unitivo e procriativo, no ato genital conjugal, vivido dentro de um sacramento, o Sacramento do Matrimônio. 

A procriação que permite aos casais humanos terem os seus filhos se realiza sempre e inquestionavelmente em duas fases. Numa primeira fase o casal, unido pelo verdadeiro amor, realiza o ato genital e, neste caso, pode-se chama-lo de ato sexual porque vivem o autêntico amor esponsal. Findo o ato genital conjugal, se encerra a participação do casal no processo de geração de uma nova vida. 

A segunda fase, quando então haverá o encontro do espermatozoide com o óvulo, dentro do organismo da mulher, vai acontecer minutos, horas ou mesmo dias depois que o casal se uniu e não dependerá mais de qualquer ação deste casal, mas segue as leis da natureza instituídas por Deus. Esta segunda fase, que pertence ao Criador, ocorrerá silenciosamente e pode acontecer de forma festiva, em plena celebração de uma Eucaristia, ou de uma forma não tão festiva, num momento em que a mulher digita a senha de seu cartão de crédito no caixa de um supermercado. 

Isto significa, e nós temos que entender isso, que esta segunda fase da geração de uma vida, pertence única e exclusivamente a Deus e o ser humano não pode intervir, em hipótese alguma. 

O casal que age impedindo a segunda fase desse processo se faz de deus, utilizando-se de práticas que “vem do mundo”, especialmente sob a orientação de uma medicina exageradamente intervencionista e aviltada pelo descompromisso com a verdade e a ética. 

E é justamente por não permitir a atuação de Deus no ato genital conjugal, que sabiamente o Beato Papa Paulo VI condenou a anticoncepção, tornando-a ilícita para todos os casais cristãos, pois ela, a anticoncepção, anula a segunda fase do processo gerador da vida. 

Aliás, São João Paulo II, o grande defensor da Humanae Vitae, afirmava sempre que a anticoncepção possui dois pressupostos inerentes a ela: a incapacidade do autocontrole e a promiscuidade. 

Na Familiaris Consortio, publicada em 1981, o mesmo São João Paulo II nos diz: “Assim, à linguagem nativa que exprime a recíproca doação total dos cônjuges, a anticoncepção impõe uma linguagem objetivamente contraditória, a do não doar-se ao outro; deriva daqui, não somente a recusa positiva de abertura à vida, mas também uma falsificação da verdade interior do amor conjugal, chamado a doar-se na totalidade pessoal”. 

A anticoncepção é, além de tudo, um atentado à inteligência da mulher, e só mesmo a força do capitalismo selvagem e inescrupuloso pode impor a ela um comportamento que ao redor do mundo já ceifou milhares de vidas. 

Mas qual é a orientação que Sua Santidade, o Beato Paulo VI, deixou para os casais que, por razões justas e honestas, precisam adiar uma nova concepção? 

O autor da Encíclica nos orienta nesse importante documento para a continência periódica através do Planejamento Familiar Natural que hoje, graças aos avançados estudos de iluminados cientistas, se pode realizar com sucesso por meio do Método da Ovulação Billings. 

Este método da Ovulação Billings, método natural de regulação da fertilidade, que foi desenvolvido na Austrália pelos Drs. John e Evelyn Billings, James Brown, Erik Odeblad e outros, permite ao casal, especialmente a esposa, conhecer o seu ciclo fértil através dos sintomas percebidos na vulva e determinar, com segurança absoluta, os dias de fecundidade e os dias onde uma gravidez não é possível. Assim, aquele casal que, por razões justas e honestas, precisa adiar uma nova gravidez poderá realizar o ato sexual nos dias onde a gestação não é possível e onde os cônjuges estarão mantendo unidos os dois significados: unitivo e procriativo. Realizam a primeira fase, tornando-se “uma só carne” e a segunda fase, que pertence ao Criador, permanece intocável. Esta é a verdadeira castidade conjugal. 

Esta castidade não é limite ao amor conjugal, mas deve ser vista como sua defesa para evitar que seja o amor degradado pela concupiscência e para ajudá-lo a dirigir-se, não unilateralmente em direção ao corpo, mas para a totalidade do valor da pessoa do outro cônjuge. 

Assim Deus participa da vida desses casais usuários do Método da Ovulação Billings, que santa e sabiamente deixam seu aparelho reprodutor livre dos danosos efeitos da anticoncepção. 

A Diocese de Jundiaí, na busca de um caminho que permita aos casais de nossa Igreja viver mais autenticamente o Sacramento do Matrimônio, tem desenvolvido todo um trabalho na divulgação do Método Billings e assim procura formar cada vez mais um maior número de instrutores que, voluntariamente, ensinam esse método. 

A Humanae Vitae, uma das riquezas de nossa Igreja, precisa ressoar mais forte em nossos corações para que busquemos, como nos falou São João (IJo 2,12-17) na primeira Leitura, o que “vem do Pai” e assim o Planejamento Familiar haverá de nos colocar muito próximos da vontade de Deus. 

Que este dia festivo nos anime e inspirados pelo Beato Papa Paulo VI, que em outubro ascenderá aos nossos altares, possamos trabalhar juntos por uma Igreja Católica mais Santa e mais unida em torno de seu Fundador, Nosso Senhor Jesus Cristo, por quem o Pai nos foi revelado. 

Assim seja".

Dr. Malagodi, da Judith
Equipe Nossa Senhora Aparecida - 1B
Jundiaí - SP